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Ikebana

Ikebana (em português quer dizer: "flores vivas") é a arte japonesa de criar "arranjos de flores", os arranjos de flores Ikebana, podem ser feitos com flores, folhas, galhos, frutos e plantas secas. Com uma tradição de mais de 500 anos a arte de Ikebana, também conhecida como Kado ("Caminho das Flores"), traz um grande equilíbrio de espírito para quem a pratica e admiração para quem recebe.

Exposição de Ikebanas em estação de metropolitano de Quioto.

Ikebana é uma arte floral que originou na Índia onde os arranjos eram destinados a Buda, e personalizada na cultura nipônica, pela qual é mais conhecida. Em contraste com a forma decorativa de arranjos florais que prevalece nos países ocidentais, o arranjo floral japonês cria uma harmonia de construção linear, ritmo e cor. Enquanto que os ocidentais tendem a pôr ênfase na quantidade e colorido das cores, dedicando a maior parte da sua atenção à beleza das corolas, os japoneses enfatizam os aspectos lineares do arranjo. A arte foi desenvolvida de modo a incluir o vaso, caules, folhas e ramos, além das flores. A estrutura de um arranjo floral japonês está baseada em três pontos principais que simbolizam o céu, a terra e a humanidade, embora outras estruturas sejam adaptadas em função do estilo e da Escola.

História da Ikebana

Você acha que fazer arranjos florais é coisa de mulher? Se pensar assim, você não sabe que a Ikebana era usada para desenvolver as habilidades de observação, concentração e sensibilidade no manejo de armas pelos guerreiros mais temíveis que já existiram: os samurais.
A arte do Ikebana começou com um costume budista que se originou na Índia e depois foi levado para o Japão. Por lá, tornou-se uma verdadeira arte mística e assumiu as proporções de importância na decoração, na cultura e no modo de vida japonês que trouxeram essa arte até os nossos dias e nossos lares. E pensar que tudo começou numa certa cerimônia do chá por volta do ano 607 D.C.; durante uma missão diplomática chinesa.
Oito séculos depois, a arte do Ikebana deixou de ter um cunho especificamente religioso e passou a ser adotada também como forma de decoração e de arte propriamente dita - aproveitando o significado das flores e cores para formar arranjos que pudessem transcrever com sutileza mensagens e ideais. Surgiram os grandes mestres que cunharam estilos diferenciados e que escreveram seus nomes na história do Japão e do mundo da ornamentação.

arranjo de flores 

Para que se tenha a ideia da importância que a arte do Ikebana tem, basta dizer que só no Brasil existem cerca de dezesseis escolas que ensinam a arte. Quase todas com estilos diferentes e vinculadas à Associação Ikebana do Brasil. Os praticantes, hoje, resgataram os aspectos místicos e espirituais do Ikebana e buscam com a sua prática um contato mais profundo com a natureza.
Os estilos ensinados são o Ikenobo (o mais antigo). Seu aparecimento data de quase quinhentos anos na cidade de Kioto. Surgiu da mente e das mãos do grande mestre Senkei Ikenobo. São arranjos de flores devotados aos deuses e aos antepassados, normalmente compostos por galhos que saem do vaso simetricamente e recriam um conjunto de paisagens, o chamado Rikka.
O estilo Sogetsu é um dos mais recentes. Sua criadora foi Sofu Teshigahara. Usa todo tipo de material (mesmo produtos artificiais como plástico e sintéticos). A princesa Diana e a mulher de Gandhi eram adeptas da escola Sogetsu de Ikebana.
O estilo Ohara nasceu durante a abertura do Japão para o ocidente (o período Meiji de 1867 a 1912). Seu criador, Unshin Ohara tentou ser escultor em Osaka. Mas sua saúde frágil acabou dando ao mundo um dos mestres notáveis do Ikebana. Sua primeira peça (que inaugurava o formato conhecido como Moribana) chocou os mestres da época porque fugia do tradicional e, segundo eles, se assemelhava à madeira empilhada.
A arte do Ikebana é tão popular no Japão e no mundo que nos dias atuais existem mais de três mil escolas que a ensinam no mundo e mais de quinze milhões de praticantes. Cada estilo segue um conjunto determinado de regras e de técnicas na hora de elaborar um arranjo floral. Alguns simples e delicados outros tremendamente complexos e trabalhosos, cada um deles no íntimo, querem nada mais nada menos que traduzir em formas, cores e sensações a maneira como o ser humano encara sua vida, a natureza a sua volta e sua interação com o divino e o transcendental.



Cultura Ikebana

A arte do arranjo floral teve como origem a oferenda de flores aos deuses, dando ênfase ao uso de materiais e formas em seu estado natural. Somente no século 14 que o tatehana (colocar a flor em pé no altar budista) de cunho apenas religioso incorporou também o cunho estético e se desenvolvem as técnicas para os arranjos florais.

O Rikka, considerado o fundamento do ikebana, foi o primeiro estilo a ser consolidado como tal: colocado em posição vertical, os galhos saem do vaso como suporte para recriar o conjunto da paisagem. Do Rikka (composição a partir de sete ou nove partes básicas) originou o Shokka, que a partir de seus três elementos (shin, soe, tai) foram criadas as bases do Nagueire e do Moribana.

No estilo Moribana (literalmente, flores empilhadas), de acordo com o livro "Ikebana, Arte e Criação no Estilo Ikenobo", das professoras Kimiko Abe e Tokuko Kawamura (editado em 1993 pela Aliança Cultural Brasil-Japão), arranjam-se as flores e galhos como se estivesse empilhando-os. Tanto neste estilo como no Shokka, as formas básicas são determinadas por galhos com funções preestabelecidas. Os três elementos, shin, soe e tai, formam um triângulo, tendo cada um a sua função primordial: shin é o galho principal e determina a forma geral do arranjo. Soe tem a função de apoiar o shin, e o tai estabelece a harmonia e o equilíbrio entre o shin e soe. O arranjo do Shokka, na maioria das vezes, resulta no formato de meia-lua e considera o galho shin como representativo do homem, soe do céu e tai da terra.

No Nagueire, explicam as professoras, a forma básica é caracterizada pela inclinação dos galhos e flores arranjados em vasos fundos, jarras ou pontes alongados. Enquanto no Moribana, os galhos possuem funções preestabelecidas, no Nagueire, eles devem proporcionar harmonia entre as plantas e o vaso.

A partir de 1900, com as transformações no estilo de vida dos japoneses, a criação artística do ikebana também libertou-se das formas até então consagradas (vamos chamar de Ikebana Clássica). Principalmente depois da Segunda Guerra Mundial, com o movimento Guendai-ka (Ikebana Moderna), foram incorporados novos materiais aos arranjos, deixando de se limitar aos vegetais.
 


Associação de Ikebana do Brasil - Rua São Joaquim, 381 - 3º andar - Liberdade - 01508-001 - São Paulo - tel.: (11) 5584-7348 (presidente, Emília Tanaka) ou (11) 3208-1755 (recados na secretaria da Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa - Bunkyo), de 2a a 6a, das 8h30 às 17h30. Fundada em 1962, a associação congrega 14 estilos existentes no Brasil. Realiza exposição anual de ikebana, com local e data móveis, e exposições especiais em datas festivas. Exposição permanente no Metrô Liberdade e recintos do Bunkyo. Ministra aulas no Centro de Estudos Japoneses na USP, onde aceita alunos não universitários. Promove palestras. Em 2002, editou o livro "História de 40 anos da Associação de Ikebana do Brasil" e em prelo o livro "Michi", edição em parceria com o Centro de Chado Urasenke do Brasil.



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